Ana Candida é filha de pais amarantinos, nasceu em Teresina, ela é fotógrafa, psicóloga, escritora e trabalha como funcionária pública. Ana Candida como escritora ela administra e escreve no blog “Mulher Aspie” que usa para dialogar, elucidar e desnudar o tabu que existe sobre o tema do autismo. A fotógrafa já fez uma exposição em um dos eventos organizados pelo coletivo Salve Rainha. “Fotografia é a expressão da minha alma, é um tipo de escrita e eu preciso disso, é um grito”, assegura Ana Candida. E foi fotografando que Ana encontrou um caminho, uma forma de demonstrar o seu olhar e de expressar toda a sua arte. Fotografar é escrever em imagens aquilo que já não cabe nos textos.
“Fotografia é a expressão da minha alma, é um tipo de escrita e eu preciso disso, é um grito.” Ana Candida
Nome Completo: Ana Candida Nunes Carvalho
Descrição: Fotógrafa
Data de Nascimento: 08/08/1983
Local de Nascimento: Teresina-PI
Os primeiros registros fotográficos
Ana Candida desde cedo aprendeu a gostar da arte, pois seu pai costumava viajar com os filhos explicando os detalhes da cultura local. Isso encantava Ana e levou a menina a começar a perceber os detalhes do cotidiano das pessoas nessas viagens. E quando ela ganhou a primeira câmera, apaixonou-se pela fotografia, mesmo que inicialmente a usasse como brincadeira e passatempo. O novo brinquedo fez parte da sua infância e ela conta que quase não desgrudava do equipamento. Depois de um tempo, na adolescência, Ana afastou-se do hobby, contudo o interesse pela fotografia foi despertado após uma das festas da família, pois nessa ocasião a fotógrafa fotografou o reflexo do irmão nos óculos do primo. A experiência criada a partir de uma câmera de 5mp fez o gosto pela fotografia reacender. Ela viu que poderia imprimir o seu próprio olhar a partir da fotografia com inúmeras perspectivas, assim Ana reaproximou-se da antiga paixão.
Uma paixão pelos detalhes
Das constantes viagens feitas na infância, Ana Candida rememora as idas a Amarante, município do Piauí, onde a família paterna organizava a “Festa do Divino” que, apesar de ser familiar, acabava atraindo a comunidade. Foi motivada por essa festa que a fotógrafa comprou o equipamento fotográfico e começou a fotografar. Ela conta que a beleza do evento chamava tanto a sua atenção que ela precisava registrar o que via, entretanto, as primeiras fotos do evento não saíram com a qualidade esperada. Mesmo assim ela insistiu e, como uma apaixonada pelos detalhes da vida, Ana sempre gostou do universo particular das suas personagens, priorizando uma cena minimalista em vez das grandes cenas, com muitas informações. Por isso, ela relata que enfrentou alguns conflitos já que em uma festa as pessoas esperam captar todo o acontecimento e não um detalhe específico. A fotógrafa rememora o período que trabalhava como psicóloga no Centro de Referência da Assistência Social – CRAS e fez alguns registros das festividades organizadas no local. Os detalhes, mais que a totalidade das festas, eram o que mais chamavam a sua atenção. Embora tenha demorado, hoje as pessoas entendem que essa opção pelo pequeno acontecimento faz parte do olhar fotográfico de Ana Candida. “Eu acho que olhar os detalhes cria uma intimidade e deixa mais próximo do entorno”, afirma Ana.
O olhar na fotógrafa
Ao focar nos detalhes, através do uso da câmera, Ana Candida encontra o conforto para lidar com as pessoas, e entender melhor o cotidiano e suas nuances. É uma forma de se aproximar do que há de íntimo no outro, de entender a expressão dos sentimentos das pessoas e de se expressar também. Diagnosticada tardiamente, aos 30 anos de idade, com Transtorno do Espectro do Autismo leve, não comprometendo suas funções cognitiva e intelectual, relata a dificuldade em entender de forma clara as pessoas, algo que fica mais fácil quando usa a sua câmera como mediadora da comunicação. Para tratar desse assunto, Ana criou o blog “Mulher Aspie”, em que faz relatos pessoais sobre como é a sua performance no mundo com o objetivo de ajudar outras pessoas que enfrentam dificuldades semelhantes às suas. Além do blog, Ana tem duas obras escritas que estão na gaveta, esperando a publicação, intituladas como: “O segredo da salamandra” e a “Entre o Palco e a Plateia”. Essas obras trazem um pouco das questões levantadas pela fotógrafa, mostram o seu olhar. Assim como na fotografia, os escritos de Ana tentam traduzir as suas subjetividades, aproximá-la do leitor e criar uma relação.
“Eu acho as pessoas incríveis, as pessoas são lindas e elas me influenciam muito.” Ana Candida
A literatura filosófica
Ana Candida sempre esteve em contato com as artes e em contato com os livros por influência do pai, que acumulava uma vasta biblioteca, por isso ler sempre foi algo divertido. Apesar dos ensaios filosóficos que sustentam algumas das suas ideias, a inspiração para as fotos é algo espontâneo. Quando a ideia surge, a fotógrafa só descansa ao materializar aquele conteúdo, transformando o pensamento em obra de arte. As suas obras muitas vezes retratam o trágico, as contradições da vida e os mecanismos de defesa usados para suportar a realidade crua, só que de forma artística e simbólica. São fotos que retratam elementos que vão desde obras filosóficas à arte, por vezes fazendo releituras, como no caso das fotos sobre a obra “Alice no país das maravilhas”. Além disso, a fotógrafa conta que gosta de fotografar quem está no palco apresentando para um público, os artistas que costumam arrancar os aplausos, por isso ela costuma registrar o ofício dos artistas e o que eles causam no público. Seja chocando pela crueza das imagens ou por questionar a ideia da beleza, Ana encanta olhares com as suas criações singulares.
As referências na fotografia
Com tantas leituras e experiências, seria difícil precisar quais as influencias a fotografa teve, mas Ana Candida diz que acompanha alguns trabalhos como o do fotógrafo José Ailson Nascimento, destaca ainda alguns professores como Regis Falcão, Margareth Leite, Luciano Klaus, entre outros. Ela está constantemente tentando se aprimorar lendo, assistindo vídeo-aulas e fazendo cursos. Do somatório do diálogo com esses profissionais ela foi acumulando variadas técnicas e usando-as conforme a sua necessidade, criando o seu próprio jeito de fotografar. E foi nesse processo de se descobrir que Ana Candida encontrou o trabalho de Peter Zelei que trabalha com bonecas como elemento das suas fotografias, ela gostou do trabalho e fez uma investigação com as cabeças de bonecas encontrando o seu próprio estilo. E foi uma dessas fotos que encantou Mara Vanessa, que já havia usado fotos de Ana Candida na capa de alguns livros seus, mas a escritora se apaixonou pela foto onde uma gota de colírio era derramada no olho da boneca de porcelana e na gota aparecia o reflexo dos olhos da pessoa. Ana Candida a partir de então, começou a usar as bonecas como um dos seus temas principais.
A linguagem da fotografia
Fotografar, para Ana Candida, foi um instrumento de libertação, uma forma de se expressar e mostrar ao mundo o seu lado mais íntimo. É a forma de escrever e descrever o mundo, de mostrar esse olhar que grita mesmo em silêncio. A fotógrafa é apaixonada pelas pessoas, pelo mistério que há nas relações humanas, pelos detalhes, ao mesmo tempo que reconstrói nas fotografias o que há de contraditório no mundo. Fotografar não é fácil, requer muito estudo e prática, trajetória que Ana segue com afinco. Ela gosta de fotografar aquilo que terá a sua identidade e de se enxergar nas fotografias, de perceber o seu traço, que pode não ser tão simples, mas nunca passa despercebido. Foi por meio da fotografia que Ana Candida aprendeu a entender os significados dos sentimentos e transformou respostas em imagens, pois a fotografia para a fotógrafa é comunicação.
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Salve Rainha
Última atualização: 28/01/2018
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