A Rosa, de Déborah Radassi

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Foto: Ana Candida

Com uma dança criada pela força de uma mulher que se movimenta artisticamente há mais de 16 anos, a bailarina e professora de dança Déborah Radassi realiza um trabalho baseado em suas experiências, referente a insistência de fazer coisas que exista limitações. O que movimenta quando se está limitado? O sentimento, o pensamento, a pulsação e a energia vão além do que o corpo mostra ser capaz.  Em cena ela revive suas frustrações.

A pesquisa surgiu como intervenção urbana através de um vídeo dança em uma das pontes mais trafegadas em Teresina, capital do Piauí. A ponte Juscelino Kubitschek foi o local onde a artista escolheu para tentar equilibrar suas inquietações. Caminhando em um espaço bastante limitado, entre a passarela de pedestres e a pista de carros, ela pôde buscar a coragem que tanto lhe faltou.

A rosa sai das ruas e se instala em espaços alternativos, com limites para ela e sem limites de percepção para o espectador. Na cena ver-se o seu conflito para abrigar-se num espaço se quer, buscando superar todas as condições que os movimentos e desejos a impõem. Ela brinca com os sentimentos camuflados do espectador e presenteia as sensações insuportáveis do seu dia a dia. Vive e revive em sua eterna prisão limitando o refúgio e o corpo viciado a tudo que é inconstante.
A rosa fala sem palavras através de um corpo que não se rende ao medo e outras sensações. Transforma o silencio da dor em um grito altíssono.
O corpo atiça as possibilidades de criação sobre a singularidade de um segmento corporal forte e brusco. A pesquisa desse trabalho submete a interferência de fatos externos que se estabiliza no corpo e reverbera internamente.

Os sentimentos dançam dentro da gente e a outra rosa te possibilitará ver!

“A rosa trabalha as limitações do corpo, da mente, do espírito e limitações que acreditamos que existe.”

A rosa foi concebida no ano 2017 pela bailarina Déborah Radassi com direção de Samuel Alvís. É o primeiro trabalho solo da bailarina que foi inspirado pelas limitações enfrentadas durante a vida, bloqueios que limitam o corpo e a mente. A performance foi concebida justamente quando a bailarina se viu diante de um problema que a impediria de dançar, a enfermidade, hérnia na lombar, foi o fator limitador que a impediu de dançar naquele momento.

“Eu não conseguia parar de dançar porque na minha vida eu sempre respirei dança e ter que parar de dançar de repente foi duro. Então, eu comecei a trabalhar a rosa e pensar em que lugar da cidade eu poderia estar limitada, aí na minha cabeça veio uma avenida , uma ponte, que só tem aquele espaço do motorista e só tem aquele espaço do pedestre”

A experiência fez Deborah refletir sobre como o corpo reage diante de estímulos em um ambiente limitado, com o risco de dividir o lugar com carros em movimentos. Limitação que serviu para questionar como seria dançar com uma hérnia na coluna, com uma limitação que pode ser pensada para o campo emocional, psicológico e para além do corpo. A dançarina questiona, inclusive, a ideia de liberdade, quando cremos que possuímos uma liberdade para agir, mas que as expectativas sociais e o império do poder inibe a espontaneidade das nossas ações.

Segundo Déborah, “A rosa” é o nome de uma mulher que vive essas limitações e a ideia do nome da performance veio de um poema do Jone Clay Macedo, que era produtor do Balé Folclórico,  e tinha lançado um livro de poesias, no qual possuia um poema chamado “a rosa” que atraiu sua atenção.

“Quando a gente faz dança a gente faz pra alguém ou pra você. Eu faço dança pra mim, pra me salvar e quando eu faço essa dança pra me salvar eu estou também fazendo uma dança para uma outra pessoa, pois de alguma forma ela pode fazer parte do que eu estou oferecendo para ela, em algum momento ela pode se identificar com algo que eu estou fazendo ali. E a rosa é o meu primeiro solo, minha primeira cria e eu sinto muito orgulho de fazer o meu trabalho.”

Ficha Técnica:

Concepção e Perfomance: Déborah Radassi
Direção: Samuel Alvis
Produção: Déborah Radassi
Sonoplastia: Samuel Alvis

Figurino: Adriano Abreu
Iluminação: Pablo Gomes
Duração: 40 min
Classificação: 14 anos

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