A dança é também descoberta, nem sempre existe o ambiente propício para que a arte se desenvolva, mas foi resistindo à escassez de recursos e a falta de incentivo que a bailarina e coreógrafa Fabiana Reis criou seu próprio caminho na dança, abrindo espaço para outras gerações de bailarinos. Natural de Parnaíba, a bailarina é uma das fundadoras do grupo Raízes do Nordeste que tem quase 15 anos de existência e a sua história mistura-se à história da bailarina. No Grupo Raízes do Nordeste já foram mais de cem músicas com temáticas variadas que envolvem inclusão social, o Piauí, educação, dentre outros. Fabiana Reis já foi coreógrafa na Unidade Escolar Cândido Oliveira, no Grupo Raízes do Nordeste, na empresa Sedesc e no Sesc de Parnaíba. Além disso, também é bailarina e já participou inúmeros festivais de dança, como o “Circuito Cultural Jovem” que foi realizado em Parnaíba nos anos 2008 e 2009, além do Festival Estudantil de Identidade Cultural do Piauí, do 16º , 17º, 18°, 19º Festdança em Teresina -2012, do Passo de Arte Norte e Nordeste em Fortaleza nos anos 2013 e 2014, do 21º, 22º, 23º Festival Internacional de dança – Passo de Arte em Indaiatuba. Coma-se ao currículo vasto de Fabiana Reis as experiências com os projetos “Vamos ao teatro”, “Miscelânea das artes”, “Dança e movimento”, “Março das artes cênicas”, “Mostra presencial palco giratório”, dentre outros. A bailarina está em movimento constante, sempre buscando se aperfeiçoar, vencendo os obstáculos e levando a arte para a população, pois a dança é universal, ultrapassa as diferenças e comunica, também, sentimentos.
“A gente trabalha na raça, porque a gente ama o que faz.” Fabiana Reis
Nome Completo: Fabiana Reis Brito
Descrição: Coreógrafa e bailarina
Data de Nascimento: 23/01/1990
Local de Nascimento: Parnaíba-PI
Os primeiros estímulos artísticos
No seio de uma comunidade que fez da arte um elemento integrador, unindo as famílias, as gerações e os distantes, cresceu Fabiana Reis. Dentro desse contexto a arte fez-se presente na vida da dançarina e as referências já começavam na família, pois a mãe, Maria Aparecida Reis, e a avó, Maria de Sousa Reis, eram amantes das danças populares, da dança do coco, assim como do reisado. As matriarcas da família estavam constantemente em contato com a arte, seja tecendo redes de algodão ou dançando, fato marcante na infância da artista. Já o pai, Francisco das Chagas Andrade Brito, de Fabiana ensinou a menina a gostar das vaquejadas e da entrega dos envolvidos no evento. Com tantos estímulos, Fabiana Reis começou a dançar aos 7 anos de idade e não parou mais. O interesse levou a jovem dançarina a montar a primeira coreografia aos 13 anos de idade para um grupo de dança da igreja montado pelas suas irmãs, Jordana Reis e Francisca Reis. Então a paixão pelas formas e movimentos cresceu despertando o prazer e a curiosidade em descobrir os possíveis caminhos da dança.
Do fundo de quintal para os palcos
Lá na comunidade de Ilha Grande de Santa Isabel, em Vazantinha, foi formado o grupo de dança da igreja em 15 de agosto de 2003 e era composto pelas bailarinas Priscila Barbosa, Fabiana Reis, Tatiana Reis e Marina Cristina, cujas iniciais intitulavam o grupo “PFTM”. As quatro crianças faziam apresentações, inicialmente, na igreja e, após a saída da irmã, Fabiana assumiu a função de coreógrafa. Na igreja o grupo pertencia ao projeto da Infância Missionária, que preparava as crianças para a primeira eucaristia, e ao completar 13 anos as crianças precisavam sair para dar oportunidade de outras crianças entrarem no mesmo projeto. Não querendo deixar a dança, o PFTM insistiu e permaneceu com o grupo, levando as suas criações para outras comunidades. Em 2006, as meninas resolveram arriscar mais e participar dos festivais de dança vencendo as dificuldades de acesso ao Centro de Parnaíba. O primeiro festival do grupo foi o Circuito Cultural Jovem, ocasião a qual Fabiana Reis apresentou uma de suas coreografias. E alimentadas pela euforia e ansiedade da primeira competição, conheceram pela primeira vez o clima de um festival, mas não obtiveram êxito, não se classificaram na competição. “O que nos deixou mais tristes foi escutar que um grupo de fundo de quintal nunca ganharia o festival”. A derrota e o comentário tiveram o efeito inverso nas meninas que usaram a crítica como estímulo, começaram a estudar, treinar e pesquisar novas técnicas até que nos dois anos subsequentes conquistaram o primeiro lugar no mesmo festival. E o grupo de fundo de quintal foi criando as próprias condições para se tornar um dos maiores grupos de dança do Piauí.
Raízes do Nordeste
O grupo Raízes do Nordeste se mistura com a história artística de Fabiana Reis. Em 2008 surge a oportunidade de as meninas inscreverem o grupo no Projeto da Aliança Mandu (Movimento de Articulação Norte Piauiense para o Desenvolvimento Sustentável) e o antigo nome, PFTM, precisou ser substituído foi quando surgiu o Raízes. “Reunimos todos e pedimos sugestões, pegamos pedaços de madeira e escrevemos os possíveis nomes na areia ao redor do Centro de Nutrição, eis que surge: Grupo Cultural Raízes do Nordeste.” Desde então, o grupo vem acumulando conquistas, como indicação durante três anos consecutivos no Prêmio Anu Dourado, realizado pela CUFA (Central Única das Favelas) do Rio de Janeiro, de 2010 a 2012, conquistando o prêmio na última edição com o Projeto Faça uma criança sorrir e recebendo o Prêmio Anu Dourado em fevereiro de 2013 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O grupo foi escolhido pelos “Caçadores de Bons Exemplos” em 2013 como um dos bons exemplos catalogados no Brasil. Além disso, o Grupo Raízes do Nordeste recebeu o selo como Patrimônio Vivo da Ilha através do Programa Janela para o Mundo desenvolvido pela empresa Ômega Energia, que foi coordenado por Izabel Brunsizian, Ione Garcia Altieri, Sergio Serapiao da Via Gutemberg de SP, durante três anos fazendo o mapeamento das riquezas culturais existentes na Ilha Grande de Santa Isabel, juntamente com as comunidades, escolas. E a última conquista veio em 2015 que foi o reconhecimento pelo Ministério da Educação, MEC, na seleção pública do Grupo Cultural Raízes do Nordeste como exemplo de Inovação e criatividade na educação básica, representando o Estado do Piauí dentro do mapa criado para reconhecer as instituições inovadoras, tendo como base as experiências vividas no âmbito escolar. Tantas conquistas e vitórias só afirmam a dedicação e força de vontade do grupo, que está enraizado na cultura do Piauí e do Nordeste, resistindo às adversidades.
“Eu tenho o dom de transmitir movimentos e me dedico por completo para o grupo e para a arte.” Fabiana Reis
A coreógrafa
A parceria de Fabiana Reis com o Grupo Raízes do Nordeste durante esses 14 anos gerou muitas coreografias e inúmeras premiações. Durante algum tempo o grupo ensaiou no piso de chão batido, sob a luz das estrelas e ao ar livre. Mesmo com tantas conquistas, ter um espaço para os ensaios foi um dos desafios enfrentados, mas que nunca impediu a criação e garra do grupo. Destacam-se as coreografias “Maculelê” e “Berra Boi”, a primeira já venceu em 1º lugar no Regional Norte e Nordeste Passo de Arte em Fortaleza-CE, 1º lugar no Festival de dança de Teresina; 3º lugar na Competição Internacional de dança Passo de Arte em Indaiatuba – SP em 2015, classificando o grupo para 2016, também foi uma das 5 coreografias selecionadas dentre mais de 40 para a Mostra Competitiva do Festival de Dança de Joinville-SC em 2015. Integrou alguns projetos de dança do Sesc como o “Intercâmbio Cultural” através do Palco Giratório 2015, dentre outros. Já o espetáculo “Berra Boi” (2016) que tem roteiro e direção do escritor e teatrólogo parnaibano Benjamin Santos, foi coreografado por Fabiana Reis. E participou de projetos como o Projetos Trisca, Intercâmbio pelo Palco Giratório 2017 com Denise Stutz, além de ser um dos trabalhos do Piauí indicados para a Mostra Presencial do Palco Giratório 2018 em Parnaíba-PI. O espetáculo foi inspirado na tradição e na estética do Bumba-meu-boi, que além de representar a tradição popular, representa, segundo Fabiana Reis, a sua própria história. A inspiração para as coreografias veio das lembranças da infância, pois a artista cresceu com a imagem dos pais, que eram vaqueiros, sempre em contato com os bois. A peça resgatou lembranças reminiscentes do contato com o solo, a fragrância da terra e do boi, do mato, da lama, os sons do mugido, tudo isso serviu de material para compor a partitura corporal do espetáculo.
A inspiração para vencer os desafios
“Trabalhar no Raízes é gratificante, pois eu tenho o dom de transmitir movimentos e me dedico por completo, para eles e para a minha arte, então, pra mim, transformar corpos em movimentos que encantem a plateia e ser reconhecida por isso é de uma extrema felicidade.” Fabiana Reis relembra o caminho de conquistas, alegrias, mas também de dificuldades enfrentadas pelo grupo, como quando foram selecionados para o Prêmio Desterro em Florianópolis, em 2014, mas não conseguiram ajuda para participarem do evento. Apesar de tudo o grupo resiste com muito entusiasmo. Atualmente o Grupo Raízes do Nordeste ensaia no espaço do Sesc – Parnaíba, que mantém uma parceria com alguns espetáculos e alguns projetos. Fabiana Reis é a coreógrafa do grupo e, juntamente com Rosiane Theóphilo, dividem a função de coordenadora, além disso contam com a participação de 15 componentes, que são bailarinos ou produtores. O Grupo Raízes do Nordeste se mantém com o que arrecada nas apresentações, com rifas e com a venda dos produtos criados pelo grupo. E os figurinos do grupo são pensados pela mente criativa da Fernanda Reis. A inspiração para os movimentos e as coreografias que levam o nome de Fabiana Reis vem de forma instintiva, mas é tudo previamente pensado. A bailarina conta que costuma sonhar com as coreografias, quando acorda racionaliza tudo que sonhou e materializa os movimentos, construindo, dessa forma, as suas coreografias. “As minhas inspirações vêm de dentro de mim, dos meus sonhos. É como se tivesse uma caixinha cheia de ideias e que só tem função quando meus olhos fecham, quando o meu corpo entra em transe. O meu corpo sempre fica em processo criativo.”
O movimento que fala
Fabiana Reis deixou-se levar pela paixão pela dança e abraçou o ofício de bailarina sem esmorecer, foi construindo seu caminho na dança com o que tinha disponível e conquistando um espaço na dança, entrelaçou-se tanto com o grupo que seus sonhos e conquistas envolvem, também, o desejo de ver o grupo brilhar pelo Brasil a fora. Fabiana Reis não se contentou com os resultados, sejam os negativos ou os positivos, ela quis ir além, buscou e continua essa busca pelo aperfeiçoamento da sua técnica, sempre tentando dar um salto de qualidade nas suas obras e para enriquecer o Grupo Raízes do Nordeste, o qual é bailarina e coreógrafa. A coragem para enfrentar os desafios e paixão pela dança são tão fortes como a disciplina e o foco que a bailarina possui, tanto que os movimentos de Fabiana são incessantes, constantes, mas também suaves e cheios de expressões. Se dançar, para Fabiana, é integração, então a sua dança é cheia de vida e alegria. E como uma apaixonada pelo Nordeste e pelas danças populares, os seus movimentos tem esse ritmo bem misturado de tradições. Quando se ama o que faz qualquer obstáculo se torna um desafio palatável, o prazer que a dança proporciona deixa tudo mais agradável e a dança se torna o resultado desse amor.
Contatos
http://facebook.com/fabiana.reis.982
http://instagram.com/fabyraizes/
https://raizes-do-nordeste.webnode.com/
Fotos
Vídeos
Coreografias
Circuito Cultural Jovem, realizado pelo PPSJ, em Parnaíba – 2007 e 2008.
Coreografias premiadas em 1º
Festival Estudantil de Identidade Cultural do Piauí – 2008 a 2010
Premiado em 1º lugar por 3 anos em Parnaíba e dois 4º lugares em Teresina.
16º, 17º Festdança em Teresina -2012, 2013
Coreografias premiadas em 2º, 3º e 5º lugares em 2013
18º Festdança em Teresina – 2014
Coreografias premiadas em 1º e 2º lugar e obteve o troféu de melhor conjunto de dança popular
19º Festdança em Teresina – 2015
Coreografia premiada em 2º lugar
Passo de Arte Norte e Nordeste – Fortaleza – 2013 e 2014
Coreografia premiadas em 1º lugar e 3º lugar
21º, 22º, 23º Festival Internacional de dança – Passo de Arte – Indaiatuba – SP- 2013, 2014, 2015
Coreografias premiadas em 3º e 4º lugar
33º Festival de Dança de Joinville-SC
Uma das 5 coreografias selecionadas para a Mostra Competitiva em Julho de 2015
Projetos em parceria com o Sesc Avenida desde 2012
Vamos ao teatro – 2012 – 2014 espetáculo ser tão vivo;
Vamos ao teatro – 2014 – ruído da senzala e maculelê;
Miscelânea das artes – 2014 – espetáculo maculelê;
Dança e movimento – 2014 – espetáculo maculelê;
Março de artes cênicas – 2015 – 2017 espetáculo maculelê e berra boi;
Intercâmbio com o balé popular do recife – 2015 – maculelê;
Abril dançando – 2016 – 2017 – espetáculo maculelê e berra boi;
Cenas contemporâneas – 2016 espetáculo berra boi;
Trisca – festival de arte para crianças – 2016 – parnaíba e teresina – espetáculo maculelê e berra boi;
Mostra presencial palco giratório 2018 – berra boi;
Intercâmbio com denise stutz pelo palco giratório 2017 – berra boi.
Premiações do Grupo Raízes do Nordeste
Dois primeiros lugares no Circuito Cultural Jovem, realizado pelo PPSJ, em Parnaíba – 2007 e 2008.
Três primeiros lugares no Festival Estudantil de identidade Cultural do Piauí, em Parnaíba de 2008 a 2010.
Dois quarto lugares deste mesmo festival em Teresina em 2009 e 2010.
Indicados por três anos consecutivos entre as 5 melhores iniciativas do Estado do Piauí concorrendo ao Prêmio Anu Dourado de 2010 a 2012.
Vencedor do Prêmio Anu Dourado do estado do Piauí, recebendo em 2013 a premiação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Possui 1º e 3º lugar no Regional Norte e Nordeste Passo de Arte realizado em Fortaleza em 2013 e 2014.
Dois quarto lugares e um terceiro lugar na Competição Internacional de Dança Passo de Arte em Indaiatuba – SP em 2013, 2014, 2015;
Participa desde 2012 do Festdança em Teresina, representando o litoral no festival, tendo obtido 1º, 2º e 3º lugares durante esses três anos e premiado como melhor conjunto de dança popular em 2014.
Participou em 2013 da IX Edição do Prêmio AMB de Jornalismo em Brasília – DF, representando com a música Parnaíba, cidade princesa a terra natal do ministro Evandro Lins e Silva, homenageado da edição à convite da Prefeitura Municipal de Parnaíba;
Realizou em 2013, através do edital Portas Abertas da Superintendência de Cultura da cidade de Parnaíba, a exposição Raízes do Nordeste: na arte e na vida parnaibana mostrando o acervo produzido pelo grupo ao longo de 10 anos.
Foi selecionado para a 5ª edição do Prêmio Desterro em Florianópolis em Agosto de 2014;
Um dos 5 selecionados para a Mostra Competitiva do maior festival de dança do mundo, Festival de dança de Joinville – SC em 2015.
Recebeu o selo como Patrimônio Vivo da Ilha através do Programa Janelas para o mundo desenvolvido pela empresa Ômega Energia em 2014.
Foi uma das instituições selecionadas como Exemplo de Inovação e criatividade da Educação Básica pelo Ministério da Educação em dezembro de 2015 representando o estado do Piauí.
Foi tema de dissertação de mestrado de Maria do Livramento Machado com o título: Jovens bailarinas de Vazantinha: Conceitos de corpo nos entrelaces afroancestrais da dança na educação defendido em 2015.
Foi um dos novos 122 pontos de cultura reconhecidos pelo Rede Cultura Viva do Ministério da Cultura em 2016.
Já integrou com espetáculos de dança os seguintes projetos do Sesc Piaui: Março de Artes Cênicas, Abril dançando, Miscelânea das Artes, Dança e Movimento, Vamos ao Teatro, Cenas Contemporâneas, Trisca, Intercâmbio com o Balé Popular do Recife através do Palco Giratório em 2015, Oficina de Maculelê para o Balé Popular do Recife; Oficina de Bumba meu boi na I Mostra Tremembé de Música em 2016, Intercâmbio com Denise Stutz pelo Palco Giratório 2017, um dos trabalhos indicados para a Mostra presencial do Palco Giratório 2018.
Além de participação em diversos eventos na cidade de Parnaíba e cidades vizinhas.
Outras fontes
http://grupoculturalraizesdonordeste.blogspot.com.br/
Última atualização: 13/01/2018
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