Não falarei do avesso que da arte
se desprende como quem se livra
da arquitetura das igrejas e templos.
Falarei da arte que ali habita. Da
nítida face enrubescida no espanto
de Gaudí. Da febre que devora
os olhos de quem passa sob o
juízo em músculos de Miguel.
É desta arte que eu falo. Da
argamassa, do pó, da forma,
da textura. Do traço delineado
sobre a audácia. Do fino balé
das espátulas na cara dos
fantasmas.
Falo da pele tatuada das paredes,
dos tetos; do piso voraz que ao
chão dá brilho e raridade.
Em tudo há expediente e agravo.
Mas ainda assim eu não falarei
de mãos e bocas; de gritos inauditos
devorando os ares.
Falo do insuspeito que
no concreto cala.
Sem presságio
ou sonho que se instala.
Poema de Nathan Sousa.
facebook.com/nathan.sousa.146
Autor dos livros:
O Percurso das Horas (Edição do Autor, 2012)
No Limiar do Absurdo (Literacidade, 2013)
Sobre a Transcendência do Silêncio (Literacidade, 2014)
Um Esboço de Nudez (Penalux, 2014)
Mosteiros (Penalux, 2015)
Nenhuma será esquecido (Penalux, 2015)
Dois olhos sobre a louça branca (Penalux, 2016)