Vanessa Trajano

Vanessa Trajano – Foto José Ailson (Um Zé)
“Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.”

É com esse verso do seu escritor preferido, Machado De Assis, “Quando ela fala”, que apresentamos Vanessa Teodoro Trajano, escritora teresinense, 24 anos, artista plástica e professora de língua portuguesa. Hoje em dia, está fazendo mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal do Piauí. Publicou entre antologias e obras individuais, oito livros, onde destacam-se Mulheres Incomuns (2012), Poemas Proibidos (2014) e Doralice (2015). Começou a escrever logo na infância e teve grande influência na alfabetização pelos seus pais. Segundo Vanessa, já rabiscava poesias e afins aos 14 anos, consolidando a carreira de escritora, ainda no início de sua adolescência. Tropicália e Singular, ela faz um convite instigante a conhecê-la mais a fundo, em seu blog www.conviteparalervanessatrajano.blogspot.com.br. É a menina do canto e encanto da palavra.

“Sou a florescência duma paixão dúbia Inerente duma duabilidade de volúpia Ai, que gozo por ser assim tão ‘suja’!” Vanessa Trajano

Nome Completo:  Vanessa Trajano

Tipos de arte: Escritora, artista plástica e professora de língua portuguesa

Data de Nascimento: 27/06/1992

Local de Nascimento: Teresina-PI

A palavra

Em 2012, Vanessa Teodoro Trajano lança seu primeiro livro/obra individual, chamado “Mulheres Incomuns” no qual aborda um conjunto de contos e que tem mulheres como suas protagonistas. É uma obra de postura política mais do que artística. Deixa em questão, diferenças entre essas mulheres e também, semelhanças que às tornam comuns, que é o prazer pelo erotismo. O lançamento do livro aconteceu durante uma sala de bate-papo do Salão do Livro do Piauí. Trajano convida seus leitores para se afogar em seu mar de palavras sensuais com toques poéticos em busca do que é belo e “vulgar”. Perguntada sobre a função da palavra, Vanessa define como algo que liberta. “A função da palavra é uma questão política/social, ela invade de fora pra dentro para transformar de dentro pra fora. Libertadora. Não caminha apenas com a estética”, conclui a autora. A inspiração de toda essa temática social se dá por meio da importância da sexualidade feminina na sociedade, muitas vezes limitada e tem como musa desse segmento literário (erótico), a autora francesa Anaïs Nin que foi um marco em sua época por polemizar suas escritas em obras entrepostas de erotismo e ideias feministas. Quer se deleitar de uma leitura mais excêntrica e cheias de sedução?

Os poemas proibidos

Ela, Vanessa Trajano, um pouco tímida mas com olhar valente, nos conta do seu segundo livro lançado no ano de 2014, “Poemas Proibidos”, com prefácio da escritora e editora Marleide Lins, na Bienal do livro de São Paulo. Com desenhos do ilustrador Klévisson Viana. As estrofes abaixo foram extraídas do seu poema (EUS), que você pode encontrar em seu blog, onde descreve um sofrimento que existe dentro de si mesma, de uma parte que nem ela mesma conhece ou pelo menos prefere não entender. Toda essa angústia faz parte de mais um heterônimo da autora, que define a solidão como anjos e demônios com a mesma intensidade. “Sem angústia o poeta não escreve” diz, Trajano. Dentro desse segmento (melancolia) Vanessa cita a poesia da autora norte-americana Sylvia Plath, que se suicidou em decorrência de uma depressão, pela qual tem seus trabalhos comparados. É mais um segmento de seus textos literários.

“Não há nada
Nem ninguém
(em mim)
Existe o oco
Da nulidade
Antropológica
Não há resposta
Para o sofrimento
Dessa parte minha
Que não sou eu…”

A inspiração

Vanessa Teodoro Trajano sempre gostou de visitar sua família em Fortaleza-CE. E nesses passeios, a todo momento se deparava com alguns casebres situados à beira da estrada em meio ao nada e se perguntava que tipo de cultura chegava naquela localidade. Em 2011, durante uma viagem à Tianguá, que fica a 272 km de Fortaleza, ela encontrara a inspiração para escrever “Doralice” que seria seu próximo livro. “Vi uma moça que imaginei uma vida inteira pra ela” contou Vanessa, logo após a jovem comentar que era leiga de leitura. “Acho tão bonito esse povo que lê, mas eu nunca li livro nenhum” diz a moça. Então, Trajano com seu olhar certeiro e poético, logo começou a dar existência a mais um de seus heterônimos. O livro “Doralice” conta uma história de uma menina que tinha um sonho de fazer teatro, mas existiam várias barreiras que a impossibilitava de realizar esse desejo, como por exemplo, suas condições financeiras. Logo o lugar no qual morava era nicho, no interior do interior e seco, sem cultura literária. “Doralice vive em cada sonho náufrago por conta da falta de condições socioeconômicas do ambiente em que a gente vive” declara, Trajano. O livro Doralice é um romance narrado em 3ª pessoa e relata assuntos sociais e começa com teses, como problemas no ensino em escolas públicas, diversas culturas que não chegam a determinados lugares, a crenças dentre outros. O livro foi lançado no dia 15 de outubro do ano passado no Café Literário “Genu Moraes”.

“Doralice vive em cada sonho náufrago por conta da falta de condições socioeconômicas do ambiente em que a gente vive. ” Vanessa Trajano

As obras da escritora

Foi por meio de textos escritos em seu blog, que Vanessa Teodoro Trajano começou a ter uma aceitação pertinente dos leitores. “As pessoas só faltavam me comer com os comentários” brinca a escritora. Assim, a sua primeira publicação aconteceu através de uma seleção via internet que ocorre todo mês para a produção de antologias pela CBJE (Câmara Brasileira de Jovens escritores) depois de tentar duas vezes. Trajano foi selecionada com duas antologias: uma poética, “Os mais belos poemas de amor”, e a outra foi de contos, “Sexta-feira 13”, publicadas em 2011. Em 2012, ela apresenta a “Antologia Transcultural de Poesia Feminina”, livro de poemas que incluía algumas escritoras do Chile, Angola e Portugal. Teve sua publicação no I Colóquio Internacional de Literatura e Gênero, evento no qual fora homenageada, organizado pela Universidade Estadual do Piauí que tinha como finalidade discutir sobre Relações de poder, Gênero e Representações Literárias. Em 2014, lançou em “Blasfêmias: Elas entre prosa e verso”, Antologia de jovens autoras de Teresina e Parnaíba. E teve sua última coleção literária anunciada em 2015, “A 8 mãos “. E não para por aí, a jovem escritora tem muitos projetos engavetados e sonha em viver só de literatura. Talvez nem precise de “8 mãos” para realizar esse objetivo, apenas com uma, ela escreve e sensibiliza a vida das pessoas com a magia que a palavra tem, de transformar.

A artista plástica

Hoje vocês conhecerão um pouco da artista plástica, Vanessa Teodoro Trajano. Vanessa sempre gostou de desenhar tão como escreve. Suas telas são fragmentadas em três formas/temática: pássaros, rostos e rosas. “Aparentemente nada de muito autentico; eu diria que essas minhas produções dizem respeito à arte ingênua, embora possa também não ser.”, diz a pintora. Ela ainda conta que o pássaro é a figura principal de pretensão social: natureza, liberdade, expansão, infinitude dentre tantas outras formas de se admirar o universo. “Creio que os pássaros, depois de abrirem as asas, partem para o cimo da vida, e de lá talvez enxerguem melhor. E creio também, que um desenho ou uma tela não possa ser analisada por mim, embora ofereça para prováveis entendimentos algumas noções preliminares do que pretendi. Posso inclusive não pretender nada além de rabiscar.” A jovem tem suas telas exibidas na galeria particular que fica em sua residência e nunca participou de nenhuma exposição. Talento ela tem de sobra, o que faltou foi oportunidade, ainda, de mostrar suas obras. Fica para trabalhos e projetos futuros.

As referências da escritora

Vanessa Santos de Souza, artisticamente falando Vanessa Teodoro Trajano, é assim como a escritora é conhecida e prefere ser chamada. Se destaca por ser tenaz em descrever a sexualidade feminina no meio social ainda machista de hoje. Ressalta comportamentos de mulheres, que as tornam incomuns aos olhos da sociedade. Ela se apresenta em seu blog como uma dessas mulheres, que não tem a presunção de se tornar aquilo o que os outros queriam que ela fosse. “Sou a florescência duma paixão dúbia Inerente duma duabilidade de volúpia Ai, que gozo por ser assim tão ‘suja’!”. Do signo de câncer, caminha pelos palcos da dramaturgia e das artes plásticas. No Brasil, destaca o grande Machado de Assis, que para ela, é o melhor escritor do país. De escritores piauienses, admira muito Nathan Sousa, Ithalo Furtado e o próprio Torquato Neto.

Contatos

http://facebook.com/vanessa.trajano1

https://www.instagram.com/trajanovanessa

http://www.conviteparalervanessatrajano.blogspot.com.br

Fotos

Vídeo

Livros

1 – Os mais belos poemas de amor (2011), antologia poética
2 – Sexta-feira 13 (2011), coletânea de contos
3 – Mulheres Incomuns (2012), obra individual de contos
4 – Antologia Transcultural de poesia feminina (2012),
5 – Poemas Proibidos (2014), obra individual
6 – Blasfêmias: elas entre poemas e prosas (2014), antologia
7 – Doralice (2015), romance, obra individual
8 – A 8 mãos (2015), antologia
9 – Baião de todos (2016), antologia

Outras fontes

https://www.portalaz.com.br/noticia/arte-e-cultura/326855/convite-para-ler-vanessa-trajano

http://falandonisso.meionorte.com/vanessa-trajano-estar-deixando-o-genero-erotismo-e-parte-agora-para-a-literatura-de-romance-e-ainda-entrei-de-gaiato-documentario-de-gustavo-rodrolli/

 

Última atualização: 10/09/2016

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Postagens Relacionadas