João Borges

João Borges – Foto José Ailson (Um Zé)

Segundo a teoria criacionista foi dele que nos originamos. O pó da terra é um sinal dos tempos passados, e quando modelado por mãos habilidosas é capaz de contar histórias, registrar em formas e cores as crenças e costumes de uma época. O barro tem mais a dizer do que se pode imaginar, e o artista plástico teresinense João Borges sabe traduzir essas palavras. João é considerado um dos melhores artistas populares do país. Seu trabalho com o barro é uma verdadeira poesia modelada. Retratando situações do cotidiano do homem nordestino. Uma conversa pela janela entre um casal de namorados, o homem esperando o ônibus na rodoviária, ou a criança com uma baladeira armada. Tudo é motivo de inspiração para João, que vê no barro uma grande fonte de inspiração. “O barro tem muito do que é humano, e o que é humano me inspira”, conta o artista.  João já participou de uma série de exposições coletivas, e também uma individual, “Imagens expositivas do chão” (2013). Recentemente participou de um capítulo da novela “A Lei do Amor”, da Rede Globo de Televisão, expondo seus trabalhos.

“O barro tem muito do que é humano, e o que é humano me inspira. ” João Borges

Nome Completo: João de Oliveira Borges Leal

Descrição: Escultor e artista plástico

Data de Nascimento: 15/09/1970

Local de Nascimento: Teresina-PI

Adotado pelas artes

Não foi trabalhando com cerâmica que artista plástico João Borges entrou no mundo das artes, e sim na pintura, atividade que sempre o encantou. Por volta dos 20 anos de idade começou a pintar, mas desde muito cedo já rabiscava em seus cadernos e tinha interesse em estudar mais sobre todos os elementos dessa forma de arte. “A pintura veio como uma descoberta. Sempre me envolveu as luzes, as sombras, as formas”, declara o artista. Em seus primeiros trabalhos em tela já retratava os temas regionalistas que mais tarde levaria para as suas criações em cerâmica, e que o tornaram tão conhecido. O primeiro contato de João Borges com a cerâmica foi por meio da vivência com os familiares, que na época trabalhavam na fabricação de tijolos artesanais. Na adolescência, brincava juntamente com um grupo de amigos, de modelar o barro, criando representações de objetos e pessoas. Passados alguns anos, e tendo compreendido as inúmeras possibilidades de criação oferecidas pelo barro, João resolveu iniciar suas criações em cerâmica, e como primeira peça fez um busto.

O início

O artista plástico João Borges já tinha alguns trabalhos desenvolvidos com cerâmica, quando conheceu o consagrado artista plástico piauiense Nonato Oliveira, que o convidou para dividir os trabalhos com ele em um ateliê. João aceitou, e a partir dessa vivência diária de dar forma à argila transformando-a em escultura, que desenvolveu o estilo cerâmico que o acompanha até hoje. Após passar um período trabalhando com Nonato, João começou a fazer trabalhos autorais, e ganhou grande destaque ao participar de exposições coletivas e individuais dentro e fora do Piauí. Participou, de alguns Salões de Artes Plásticas do Piauí, sendo sempre premiado. O artista diz que isso foi um grande incentivo para que continuasse criando as esculturas.

Estilo de criação

Moldar é dar forma e contorno desejados a uma determinada matéria-prima ou a uma mistura de materiais. É um trabalho delicado de criação e observação que muito agrada ao artista plástico João Borges. “Eu gosto mesmo é de criar, pois a partir do momento que eu crio, também me realizo naquela criação”, afirma o artista. E se engana quem pensa que João tem apego aos seus trabalhos, muito pelo contrário. Para o artista plástico, a venda da obra e a chegada ao seu destino são o final de um processo que se iniciou no momento em que João parou para imaginar em que iria se transformar o monte de argila que estava a sua frente. Para alguns trabalhos João desenha previamente, e constrói a partir daí. Mas na maioria dos casos lida diretamente com o barro. Estabelece-se uma relação de reciprocidade entre o artista e seu material de trabalho. João diz que as suas inspirações surgem a partir desse contato com o íntimo com o barro.

“O ser humano é algo grandioso, mas precisa da arte para se perceber.” João Borges

O cronista

No ritmo acelerado dos dias atuais, em qual momento paramos para olhar para dentro de nós mesmo, e exercitar a percepção interna e externa? No vai e vem frenético, as miudezas somem diante de questões tidas como prioritárias. Cabe ao cronista, o atento contador de histórias, relatar com riqueza de detalhes, e com uma pitada de suas impressões, o que ignoramos completamente. Você pode estar se perguntando o que é que isso tudo tem a ver com o trabalho do artista plástico João Borges, pois bem, o artista assume o papel de um escritor a partir do momento em que transforma o barro em elemento provocador de sensações humanas. João retrata em suas esculturas cenas do homem nordestino, esse povo de características culturais e comportamentais tão ricas e peculiares. Esses personagens, muitas vezes passam despercebidos, e é exatamente por esse motivo que João gosta de trabalhar em torno deles. “O foco do meu trabalho é para as situações imperceptíveis do cotidiano”, diz o artista. Justamente para fazer com que as pessoas que veem os seus trabalhos valorizem esses personagens. “Acho que minha arte registra vozes, sorrisos, situações”, comenta João.

O Pilãozeiro

Um dos maiores desafios para o artista plástico João Borges foi “O Pilãozeiro”, escultura feita em homenagem aos confeccionadores de pilão da cidade de Timon-MA, e que encontra-se exposta na Avenida Francisco Carlos Jansen, na entrada da cidade maranhense. Para o artista, a obra é tem um grande significado. “Eu vejo como se ele fosse parte do meu quintal. É como se minha casa se estendesse até lá”, declara João. A obra foi feita de ferro e concreto, e demorou pouco mais de quatro meses para ser concluída. O trabalho exigiu de João uma pesquisa aprofundada sobre os gestuais e expressões realizados pelos pilãozeiros durante a execução de ofício. A escultura abraça e homenageia a cidade maranhense, e mostra a genialidade e seu estilo artístico expressionista, que o próprio João diz buscar no “Pai” das esculturas modernas, Auguste Rodin. João admira o trabalho do escultor italiano Michelangelo e dos piauienses Braga Tepi e João Oliveira.

A poesia modelada

A poesia modelada é o estilo do artista plástico João Borges, alguém que vê a beleza em tudo aquilo que é simples. Seus trabalhos mostram um mundo já velho conhecido, mas não antes observado, pelo menos pela maioria das pessoas. A obviedade é modelada em barro. O mesmo barro que dá cor às nossas peles, que sustenta nossas caminhadas diárias, e que remete à ideia do princípio. Esse mesmo barro ganha força nas mãos de quem o dá forma expressivas e bem reais. Os frutos das paixões de João ficam eternizadas na argila. E se ele mesmo afirma, o diferencial de um artista é a capacidade de tocar os corações, o piauiense se distingue por conseguir levar os que veem o seu trabalho numa viagem para dentro de si mesmos. “O ser humano é algo grandioso, mas precisa da arte para se perceber”, declara João. Viva o barro, viva o trabalho de João Borges.

Contatos

http://facebook.com/joao.borges.1293

http://joaoborges.com

Fotos

 

 

Vídeo

Exposições

 

Outras fontes

https://cidadeverde.com/noticias/221830/feito-em-casa-mostra-esculturas-de-joao-borges-ricas-em-detalhes

http://artepopularbrasil.blogspot.com.br/2010/12/joao-borges.html

http://180graus.com/artes-visuais/a-arte-de-joao-borges

 

Última atualização: 28/05/2017

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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