Luzia Amélia

Luzia Amélia – Foto José Ailson (Um Zé)

A palavra que melhor caracteriza a teresinense Luzia Amélia é movimento. Não só por ser dançarina e coreógrafa, mas sobretudo pela constante transformação que realiza em si mesma e nos lugares por onde passa. A dançarina foi a primeira piauiense a concluir o mestrado em Dança pela Universidade Federal da Bahia. É, ainda, especialista em Artes Visuais e Metodologia do Ensino da Arte pela Universidade Federal do Piauí, e graduada em Artes Visuais pelo Instituto Camilo Filho. Ao longo de sua trajetória, Luzia Amélia passou por diversos grupos de dança, tendo inclusive fundando alguns deles, como o “Grupo de Dança Alternativo”, que inaugurou sua trajetória como coreógrafa. Fundou e dirigiu o Balé Folclórico de Teresina, mundialmente conhecido pelo celebrado espetáculo “Calango”,1997. E ainda foi gestora da Escola de Dança do Estado Lenir Argento, onde fez história, ao instituir o primeiro casal de bailarinos negros do Balé de Teresina. É criadora e coordenadora dos projetos: Expedições de Dança (Piauí- Brasil), Um Minuto Para a Dança, e do Fórum Nacional 1 Minuto para a Dança-Piauí, ação política que busca articular a dança produzida no Piauí. Atualmente é diretora artística e pedagógica do Projeto Escola Balé de Teresina, que em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura, implantou o I Curso Técnico de Dança do Estado. E em meio a tudo isso, ainda coordena a Cia. de Dança Contemporânea Luzia Amélia. Viu quanta movimentação?

“Eu sou da luta, no sentido de que acho que a dança é tão importante quanto comida.” Luzia Amélia

Nome Completo: Luzia Amélia Silva Marques

Descrição: Bailarina e coreógrafa

Data de Nascimento: 10/01/1980

Local de Nascimento: Teresina-PI

A infância da bailarina

A bailarina Luzia Amélia recorda que, quando menina, participava com sua família das comemorações tradicionais que envolviam dança, e também se lembra com carinho das histórias fantasiosas que ouvia da avó e de sua madrinha. Para ela, isso tudo enriqueceu sua infância com cores e formas, e lhe possibilitou o desenvolvimento de um olhar criativo, permitindo seu afloramento artístico. Foi aos 15 anos, quando a amiga Ana Anísia lhe convidou para acompanhá-la a uma aula de dança na extinta Academia Agiteite, que Luzia teve sua primeira experiência com o estilo de dança profissional. Tudo naquele ambiente encantou a bailarina. Foi amor à primeira vista. Pouco tempo depois, Luzia Amélia começou suas aulas livres de Jazz na escola de dança, e não demorou muito até que fosse notada. Antes dos 20 anos participou do seu primeiro espetáculo “Nordeste e sua gente”, e logo depois foi convidada para integrar o Balé Popular de Teresina. No final dos anos 80, já com alguns trabalhos no currículo, Luzia assumiu uma oficina de dança, parte de um projeto de inclusão social, realizado no bairro São João, região periférica da capital teresinense. Dentro desse projeto surge o “Grupo Alternativo de Dança”, que inaugurou a trajetória de coreógrafa de Luzia, e que trouxe um movimento dos mais interessantes para o cenário artístico da cidade.

A primeira mestra em Dança do Piauí

Em 1996, a bailaria e coreógrafa Luzia Amélia fundou e dirigiu o Balé Folclórico de Teresina a convite da Fundação Cultura Municipal de Cultura. O Balé funcionou como uma espécie de prolongamento do trabalho que Luzia já realizava com o seu “Grupo de Dança Alternativo”. Já trabalhando como o Balé Folclórico, a bailarina concebe e coreografa o surpreendente “Dança do Calango” (1997), que entre as mais de 500 exibições, já foi apresentado em vários locais do Brasil, e em parte da Europa. O espetáculo retrata a capacidade de sobrevivência do homem nordestino ao compará-lo a um calango. É um trabalho que explora outras formas de pensar a dança, reforçando a identidade nordestina, de uma maneira corajosa, instintiva e altamente expressiva. Já com a carreira como coreógrafa consolidada, Luzia concebe e coreografa “Piauiês” (1998), “Nativus” (2000) e “Cabeça de cuia: o príncipe das águas” (2004). Nesse meio tempo, Luzia cria a Cia Luzia Amélia de Dança (2000), e assume a direção da Escola de Dança do Estado professora Lenir Argento (2003-2007). Além de tudo isso, desde 2006 coordena o projeto “1 Minuto para a Dança” que de forma itinerante faz uma série de intervenções com dança contemporânea em Teresina, propondo o diálogo entre a dança e a cidade.

Dança como comunicação

Luzia Amélia diz que a dança virou sua principal forma de comunicação, e é possível perceber o quanto ela tem se comunicado. Ao longo desses anos, muitos projetos foram coordenados por ela, como o “Vem dançar no Piauí” (2005), evento nacional de intercâmbio entre bailarinos e coreógrafos. Dirigiu inúmero espetáculos, como “O quebra nozes” (2003) e “Lago dos Cisnes” (2004), além de outros grandes clássicos. Em 2006, ainda a frente do Balé Folclórico, concebe e coreografa “Mercado Central”, trabalho de dança contemporânea premiado internacionalmente, e que se vale de cores, sons e imagens para recriar o ambiente do Mercado Velho de Teresina, no qual o solo se baseia. Coordena também, desde 2006, o projeto “Balé de Teresina”, uma Organização Não Governamental (ONG), que em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura Municipal, oferece aulas de balé clássico e contemporâneo, como ferramenta de inclusão social. Em 2009, coordenou o projeto “Calango entre rios”, que levou o espetáculo “Dança do calango” para cidades do interior do Piauí. Desde 2011, coordena o “Fórum nacional de dança”, evento que possibilita o intercâmbio de conhecimentos entre artistas e pesquisadores da dança.

“A dança é o que nos torna humanos.” Luzia Amélia

A importância da dança

Como parte final da trilogia iniciada com os celebrados espetáculos “Dança do Calango” (1997) e “Mercado Central” (2006), a bailarina e coreógrafa Luzia Amélia lançou juntamente com sua companhia o espetáculo “Sangue” (2008), baseado na obra homônima do poeta Da Costa e Silva. O trabalho premiado buscou entender como se deu a formação da identidade piauiense e nordestina, ao iniciar um estudo dos corpos dançantes do nosso povo. Em 2012, a bailarina concluiu seu mestrado em dança pela Universidade Federal da Bahia, com a dissertação “Grafias na pedra: índices evolutivos da dança”, e como como extensão dessa pesquisa, e se inspirando no crânio de mesmo nome, encontrado nos sítios arqueológicos de Lagoa Santa-MG, ela concebeu o solo “Luzia” (2013). Nesse novo trabalho, ela visita o passado procurando informações de como a dança evoluiu ao longo do tempo, tentando replicar essas informações de dança, dando um corpo ao crânio. Luzia tem se apaixonado cada dia mais pela dança. “Eu sou da luta, no sentido de que acho que a dança é tão importante quanto comida”, relata. E nisso se nota seus constantes esforços para a valorização da dança, que para ela é uma arte que precisa ser fortalecida de uma maneira geral, e principalmente no nosso Estado.

A resistência da teresinense

Quando perguntada sobre sua relação com Teresina, a bailarina Luzia Amélia afirma ser a cara da cidade, e que a cidade está em seu corpo. Segundo Luzia, Teresina lhe dá resistência. E a menina realmente precisou resistir quando, ainda no começo da carreira, percebeu que seu corpo não era o ideal para o balé clássico, o que a fez se esforçar para pensar novas formas de dançar, que resultaram em propostas cada vez mais ousadas e aplaudidas, a exemplo do já citado “Dança do Calango” (1996), que a consagrou mundialmente. Resistir também foi preciso quando se viu diante do racismo e do sexismo, respondendo a tudo isso com trabalho duro e competência. A bailarina ainda hoje enfrenta desafios, dessa vez ligados às dificuldades de valorização da sua profissão. Acredita que a dança é algo vital. “Estudar dança não é coisa de mulher ou de homem. É coisa de corpo.”, pontua. Luzia percebe que a cidade ainda não “abraça” os artistas em sua totalidade. E por esse motivo luta juntamente com seus pares pela criação de um Fórum de Dança permanente no Estado, pois a partir daí serão criados grupos que batalharão, entre outras coisas, pela implantação do primeiro curso de graduação em dança do Piauí e pela implementação de políticas públicas efetivas para a dança e para as demais artes.

A dança nunca para

“A dança é o que nos torna humanos”, é com essa frase dita pela bailarina e coreógrafa Luzia Amélia. Luzia sempre foi uma mulher de luta. Vinda de família com poucos recursos financeiros, trabalhou arduamente até ganhar o mundo com seu trabalho. Talvez aquela menina que foi pela primeira vez a um estúdio de dança a convite de uma amiga, não imaginaria que iria chegar tão longe, e que ostentaria números tão impressionantes no currículo. Entre direções e coreografias já se foram mais de 20 espetáculos. Só “Dança do Calango” já foi apresentado mais de 500 vezes. Viagens por boa parte do Brasil. Participações de festivais de dança na Alemanha, Itália, e em boa parte da Europa, com direito a premiações. Desenvolvedora de ações de valorização da dança no Estado. É, Luzia Amélia já fez muito, e ainda não quer parar por aí.

Para a bailarina não falta fôlego para mudar, tanto a si mesma quanto o ambiente ao seu entorno. “Só permanece o que se transforma”, declara. E é com esse pique de fazer mais e melhor, que ela desenvolve seus novos trabalhos. Dias 26 de Abril de 2017 Luzia Amélia apresentou pela primeira vez em Teresina o solo “Luzia”, e ainda lançará o livro “Grafias na pedra: índices evolutivos da dança”, trabalhos que derivados da sua dissertação. Luzia está em constante movimento, para levar a dança ao seu ponto máximo.

Contatos

http://facebook.com/luziaamelia.marques

http://instagram.com/lu_amelia/

https://www.youtube.com/channel/UCFAETHOtH8vN6_-lBP59R_g

luziabaila@gmail.com

Fotos

Vídeo

Releituras de Balés Clássicos

Direção geral do espetáculo “O Corsário” no Projeto Escola Balé de Teresina (2012);

Direção geral do Espetáculo “Dom Quixote no Sertão” no projeto Escola Balé de Teresina (2011);

Direção geral do Espetáculo “A Bela Adormecida” no projeto Escola Balé de Teresina (2010);

Direção geral “O quebra Nozes” (2003);

Direção geral “O Lago dos Cisnes” (2004);

Direção geral “Dom Quixote” (2005);

 “A Bela Adormecida” (2006);

Direção Artística do espetáculo “Paquita” e “Grandes Clássicos” com o Corpo de Baile Oficial do estado (2003- 2004);

Direção e coreografia do espetáculo-educativo “Juventude Esperta, Juventude Alerta” de combate às DST´s da secretaria municipal de saúde de Teresina.

Principais Apresentações e Temporadas (Nacionais/Internacionais)

Fortaleza/CE Universidade de Fortaleza (UNIFOR) (2013);

Salvador/BA Teatro do Movimento (UFBA) (2012);

Salvador/BA Espaço Xisto Bahia Teatro Solar Centro cultural Plataforma (2008);

Fortaleza/CE Teatro das Marias (2008);

Parnaíba/PI Galpão Metáfora (2009);

Teresina/PI SESC Av. Maranhão (2009);

Campina Grande/PB – Festival de Inverno (2007);

Alemanha – Kulturaum in Rosenhof Tegernau – MTV Ludwigsburg – Treff Punket Rotherbüplatz Stuttgart – Theaterhaus Stuttgar (2006);

Rio de Janeirot/Centro Coreográfico da Cidade (2006);

Cesena/Itália Teatro Alesandro Bonci – Dance Grand Prix Italy (2005);

Belém/PA – Festival do Folclore Brasileiro (2005);

Rio de Janeiro Centro Coreográfico da Cidade (2004);

João Pessoa-PB Teatro Santa Isabel (2004);

Fortaleza/CE Teatro José de Alencar (2003);

Recife-PE Marco Zero/50 anos da CHESF (2003);

Serra da Capivara-PI Anfiteatro da Pedra Furada/Festival Interartes (2002);

Teresina/PI Theatro 4 de Setembro/Circuito Cultural Banco do Brasil (2000);

São Paulo-SP Sesc Pompéia/Projeto Nordestes Fundação Joaquim Nabuco/SESC (1999);

São Luís-MA Teatro Artur de Azevedo     Premiações em Festivais Competitivos (1998);

Festival Internacional de Danças da Bahia – Melhor Grupo – Melhor Coreografia (1998).

Outras fontes

http://wikidanca.net/wiki/index.php/Luzia_Am%C3%A9lia

https://cidadeverde.com/noticias/100935/talentos-do-piaui-faz-homenagem-a-bailarina-piauiense-luzia-amelia

 

Última atualização: 12/03/2017

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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