A arte vai moldando os espaços, injetando vida nos ambientes mais hostis. E o cinema como uma das vertentes artísticas tem esse poder de modificando as realidades, mesmo que de forma indireta, e causar reflexão. Por isso mesmo o cinema experimental amplia essas possibilidades, dá ao manipulador da câmera a oportunidade de imprimir um olhar particular a respeito do mundo. Essa semana o assunto será o cinema do teresinense Juscelino Ribeiro que é diretor, roteirista e jornalista. Formado pela Universidade Federal do Piauí, mas acabou seguindo um outro caminho, pois engatou no trabalho com Marketing Digital, explorando e se encontrando no universo do cinema. Nesse processo de descoberta artística e profissional Juscelino assumiu o ofício de redator de projetos, diretor e roteirista audiovisual. Seu primeiro curta-metragem, “Deixa a chuva cair” rendeu não só prestígio como diversos prêmios.
“Eu sempre sonhei em contar história.” Juscelino Ribeiro
Nome Completo: Juscelino Ribeiro de Oliveira Júnior
Descrição: Diretor, roteirista e jornalista
Data de Nascimento: 24/05/1989
Local de Nascimento: Teresina-PI
Os primeiros passos
Juscelino Ribeiro começou a gostar de cinema bem cedo, mas inicialmente assistia por diversão. Quando começou a cursar Jornalismo foi aos poucos entrando em contato com o cinema e a experimentar o que era o cinema, então a partir daí passou a estudar mais sobre as particularidades da sétima arte. Suas primeiras experimentações aconteceram ainda na universidade, como estudante. Juscelino descreve como a universidade também ajudou a despertar o interesse pelo cinema, pois foi lá que ele participou do programa Geração Futura, organizado pelo canal futura em parceria com a Universidade Federal do Piauí. Essa experiência ajudou a entender melhor como funcionava a criação no ambiente televisivo. O curso oferecia uma formação de duas semanas no canal futura com palestras, questões práticas e teóricas sobre a criação de programas e roteiros. “Vamos fazer cinema, vamos fazer um filme, vamos ver o nosso nome lá na tela, isso é que nos move”, diz Juscelino Ribeiro.
A formação e trajetória
“Antes eu não me imaginava como diretor e roteirista porque eu não via essa possibilidade”, diz Juscelino Ribeiro. O jovem roteirista que começou a ter contato com o cinema e outras artes na Universidade onde pôde se aprimorar e conhecer pessoas que contribuíram para a sua história como roteirista e diretor. Isso abriu caminho para explorar o jornalismo literário. Juscelino teve algumas experiências no ambiente acadêmico com produção de pequenos documentários, foi numa dessas ocasiões que conheceu o cineasta e professor de cinema Monteiro Júnior que proporcionou grandes trocas. “Eu sempre procurei dentro das minhas experiências o que eu posso fazer de melhor com o que eu tenho”, afirma Juscelino Ribeiro. Como trabalho de conclusão de curso ele poderia ter optado pela produção de um documentário, mas preferiu escrever um livro e essa vontade de escrever não se perdeu. Sua história no cinema é bem recente, mas já possui muitas conquistas admiráveis.
O despertar para o cinema
Juscelino Ribeiro começou, de fato, a se interessar pelo cinema bem recentemente, em 2011 quando passou a consumir mais filmes, frequentar mais o cinema, conhecer o que está sendo produzido, assim como estudar mais sobre a arte. O vídeo tem que aproximar, laçar o telespectador e emocionar, atingindo o objetivo para o qual fora designado. Juscelino é um artista bem cuidadoso, sempre disposto a dar o melhor do seu trabalho, gosta de lapidar suas ideias até que estejam no ponto certo para serem explorada. Dono de uma rotina rígida ele gosta de seguir à risca alguns métodos para construir um bom roteiro e não perder uma boa ideia. Ele admira diversas formas de se fazer cinema, diz que antes de tudo temos que experimentar, partir para a ação e quer desenvolver um trabalho de qualidade que comova e chegue até as pessoas. “A arte precisa alcançar mais pessoas, ela precisa alcançar um público grande, alcançando um público grande é que podemos transmitir a ideia de que essa arte é importante”, comenta o roteirista.
“A arte é aquilo que nós usamos para nos conectar às outras pessoas, ao mesmo tempo em que é uma forma da gente expressar o que estamos sentindo e o que queremos fazer.” Juscelino Ribeiro
Terreno fértil para crescer
Juscelino encontrou na produtora Framme um ponto de apoio para desenvolver-se como profissional, foi lá que pode se motivar a continuar o seu sonho de contador de histórias. A produtora começou a desenvolver um trabalho com audiovisual e o roteirista viu naquele evento a oportunidade que até então não tinha abraçado. Ele comenta que em 2015 o edital de produção em audiovisual foi lançado e ele era o único membro da equipe que tinha todos os requisitos para participar do concurso. A polêmica envolvendo a banda “A Irmandade” serviu de fonte de inspiração para Juscelino criar a ideia de documentar as vivências do grupo musical, posteriormente o diretor dirige o clipe “H. Sol”, música de Preto Kedé, que lhe garante o prêmio “Melhor Vídeoclipe” no Ver Cine, em Duque de Caxias. O roteirista diz que o seu objetivo é poder aliar amor com trabalho e a Framme Produções permite esse casamento.
Deixa a chuva cair
O documentário “deixa a chuva cair”, de Juscelino Ribeiro, nos faz refletir sobre a realidade do bairro Santo Antônio, Promorar, localizado na zona Sul de Teresina. Desmistifica alguns estereótipos enquanto nos faz olhar para os personagens sem julgamentos. “O projeto foi escolhido como primeiro colocado na região nordeste no prêmio Jovem.Doc, que financiou o desenvolvimento e produção do curta em 2015”. A história foca nos músicos Preto Kedé, Lu de Santa Cruz e Aliado que compõem a banda “A Irmandade” que juntos “tentam combater os conflitos entre as gangues da região”. Juscelino comenta sobre o poder do cinema para a comunidade, como foram os resultados da experiência tanto para seu trabalho quanto para a os moradores do bairro e para a banda, como a arte pode ser usada como instrumento de denúncia, desnudando realidades ignorada, invisibilizada, tornando possível se aproximar daqueles sujeitos em questão. O filme já trouxe para o roteirista e diretor o prêmio de 2º Melhor Curta-Metragem Documentário Estrangeiro no The International Indie Gathering (EUA), “Melhor Curta” na mostra Nordeste do Sercine, ; ‘Melhor Filme’ e ‘Melhor Filme por Júri Popular’ (curta documentário), no Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões; e ainda foi aprovado para o circuito SESC Amazônia das Artes e percorrerá dez estados em 2017, ‘Melhor Roteiro’ (curta documentário) no Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões, sem contar que o filme participou do Festival de Cannes, na França , em 2016.
Disciplina e amor pela arte
“Arte precisa alcançar mais pessoas”, comenta Juscelino Ribeiro. O processo criativo do diretor e roteirista exige muita dedicação e paciência. Todo trabalho e todas as conquistas de Juscelino são frutos desse cuidado para preparar a obra da melhor forma possível e usando os meios disponíveis. O resultado do respeito que Juscelino tem com a arte não seria outro senão o sucesso, essa é a fórmula para ter conquistado tanto o seu público, além da sensibilidade com a arte e os temas trabalhados. Afinal, o filme tem que que mexer de alguma forma com o espectador, ter alguma mensagem que aproxime os personagens do público. O filme, segundo Juscelino, é feito para se comunicar. “Criar um mundo no qual as pessoas possam se identificar e se conectar com a história”. E a arte tem esse poder de conectar os distantes, aproximar mesmo com todas as barreiras da comunicação e a distância geográfica. Logo, podemos esperar muitas conquistas do roteirista que desde o princípio começou brilhando, bem em breve teremos novos trabalhos feitos com muita dedicação. Juscelino está construindo um trabalho admirável e com muita seriedade, expondo a sua identidade por meio da sua arte e alimentando não só a arte piauiense como mostrando com o seu trabalho o quão longe podemos chegar.
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Deixa a chuva cair (2016)
Última atualização: 30/07/2017
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